domingo, 27 de dezembro de 2009

Desencontros

Ela procura o que já não existe no seu tempo...
Ele talvez espere alguém que valorize o que só pode valorizar quem não pertence ao seu tempo...
Talvez ela sempre tenha procurado no sitio errado...
Talvez ele espere num sitio demasiado escondido...
Talvez ela deva apenas esperar...
Talvez ele deva começar a procurar...
Ela vê nele algo de especial e de certa forma diferente...
Ele talvez nem note a sua presença...
Por vezes, o Mundo pode ser extremamente desencontrado, mas somos nós que o ditamos...


Um dia Courtney Love disse acerca de Cobain: "Vou tê-lo. Vou mesmo!"

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Manifesto de Revolta...

Aos que não ouvem rock
Aos que não sabem apreciar jazz
Aos que não se rendem ao som de um piano
Aos que nunca cantam sozinhos.
Aos que não lêem
Aos que nunca leram o principezinho
Aos que não entendem Pessoa
Aos que acham que o verdadeiro conhecimento vem nos livros.
Aos que acreditam estar a aproveitar a vida quando nem sabem o que isso é…
Aos que se ocupam para nunca terem tempo de se encontrarem consigo próprios
Aos que pensam que a fé tem necessariamente um Deus
Aos que pensaam que liberdade é poder fazer tudo o que nos apetece
Aos que querem tanto ser diferentes, ou mostrar-se diferentes, que acabam por ser os mais banais
Aos que acreditam ser os detentores da verdade
Aos que não se questionam
Aos que acham ter sempre moral para julgar
Aos que nunca tiveram a liberdade de quebrar as regras
Aos que não olham nos olhos
Aos pais que ignoram o facto de serem pais
Aos que não conseguem ver por detrás da realidade aparente
Aos que se lamentam sem tentar
Aos que nunca param para olhar as estrelas
Aos que pensam que coragem é enfrentar, quando é preciso mais coragem para nada fazer
Aos que nunca se descontrolam e choram e gritam
Aos que se esqueceram do que um dia foram
Aos que nunca ficam estupidamente felizes por nada
Aos que têm vergonha quando caem
Aos que têm a mania da superioridade
Aos fúteis
Aos falsos
Aos cínicos
Aos que vivem de aparências
Aos não-sonhadores
Aos que não dizem “gosto de ti”
Aos que banalizam a palavra “amo-te”
Aos que não acreditam no amor
Aos que não acreditam de todo…

sábado, 12 de dezembro de 2009

Desassossegos

" Se eu pudesse trincar a Terra toda e sentir-lhe um paladar, eu seria mais feliz um momento, mas eu nem sempre quero ser feliz, é preciso ser-se infeliz de vez em quando para se poder ser natural..."

Fernando Pessoa

sábado, 5 de dezembro de 2009

Em Segredo

Em segredo vou-te observando nas brechas do meu pensamento, como se te estivesse sempre a ver.
Em segredo sorris e dás-me a mão.
Em segredo procuro, num desses teus retratos, um olhar que possa tomar como meu.
Em segredo olho-te enquanto dormes, como se a noite se revelasse sempre serena.
Em segredo escrevo-te nas linhas incertas do meu sonho.
Em segredo acredito...
Em segredo talvez esteja a ficar completamente desfazada da realidade, mas é segredo...
E no meu segredo, a realidade faz-se de sonhos.

domingo, 29 de novembro de 2009

Ups!

Tenho frio, demasiado frio.Há horas que aqui estou (um estar de quem está mas não está) fixada nesta parede disforme e indiferente de mim, onde silênciosamente procuro uma restia de qualquer coisa que queira ser minha, mas toda essa textura de pequenos relevos duvida de mim e afasta-me, como se eu não tivesse já longe demais!
Quero agora alguém, alguém que me arranque este frio, que fique a meu lado. Mas o mundo está tão poluid0 de futilidades, as palavras tão banalizadas que perfiro a companhia falsa que a solidão me oferece....
Ups! entretanto a parede redesenha-se num contorno nitido daquela tarde de mar enquadrado num pormenor tingido a laranja (já tinha saudades). Tentando fazer parte desse quadro (peço desculpa se não consegui ou não quis ser mais abstracta) vou-te contemplando, um pouco ás escondidas. Tens algo de tão raro...
Pareces estar á espera, e esperas há tanto tempo que nem reparas mais que esperas, não pensas que possam já ter reparado que essas rugas são apenas a força vincada do que te distingue...
Mas talvez estejas demasiado longe já, e como eu, talvez sintas demasiado frio...
Talvez...
Mas esses olhares que chocam têm muito mais a dizer...

sábado, 14 de novembro de 2009

Margem do Sonho

Criatura perdida no medo
Leva tudo de mim
Corta-me os pulsos
Arranca-me a fúria
Leva-me contigo
Lambe os meus pecados
E dá-me o inferno
Toca-me
Venera-me
Inveja-me
Tudo o que quiseres
Leva tudo de mim
Tudo de mim
Esmurra a minha raiva
Deita-me fora
Possui-me
Resgáta-me
Entrega-me
Apaga a minha vida
Esfaqueia os meus sonhos
Penetra a minha alma sangrenta
E leva tudo de mim....

terça-feira, 3 de novembro de 2009

SKUNK ANANSIE

Skunk Anansie, pah a puta do concerto da minha vida! mesmo!

domingo, 1 de novembro de 2009

Perdida...

O céu está estilhaçado de nuvens alaranjadas sob os olhos atentos de uma lua observadora...
O meu horizonte debruça-se no parapeito de uma janela aberta para o meu céu daqui, este meu céu daqui...
Oço acordes de uma música onde te encontro enquanto vou trocando olhares com a lua na esperança que ela sorria para mim, que me ofereça um reflexo de ti, do teu mundo disperso na multidão desses olhares e silêncios que falas. Onde te perdes e onde estou perdida...

sábado, 31 de outubro de 2009

Não quero mais, não assim...

Roo as unhas desenfreadamente...
Que ansiedade é esta que agarrei com umas mãos ainda feridas de tanto tentar tocar-te?
Ainda estou deitada a teu lado...
Mas que sentido faz isto desta forma?
Quero deixar esse teu corpo despido do que éramos, agora.
Quero deixar esse teu sorriso, esse teu olhar que já não se encontra com o meu naquela expressão que eu podia ver, agora não vejo nada.
Não quero mais, não assim.
Não quero de novo ver essa tua cara que não me pertence.Isso não faz de ti nada, nada do que já vi, nada do que quero ver, nada do que podes ser.
É essa conjugação de nadas que encontro agora nestes lençois. Instantes que foram teus e meus, e de facto reais, mas que não foram nossos. Estamos tão longe de sermos nós...
Podemos até ser eu e tu de olhos sem visão, mas o que há nisso para além de um arrastamento de nadas e conveniências? de apetites momentâneos?
Não quero mais, não assim...

domingo, 25 de outubro de 2009

Reflexão consciente

Tento olhar-me nos olhos,
Reflito o meu rosto na noite.
Olhar perdido...
Idealizo tantos momentos.
Centro-me no infinito, mas é tão inatingivel, tão perturbador...
Detesto sentir-me tão consciente!
Uma vontade demasiado ponderada que acaba por não acontecer.
Quero tanto dedicar-me ao momento mas esse momento prende-me e arrasta-me para o passado como algo que ficou por viver.
Uma falta de coragem impotente que não me caracteriza e me adormece.
Um desejo profundamente quebrado por aquilo que não sou mas apendi a ser...
Resultado da escolha que não fiz, da loucura que deixei pra tras.
Produto de um medo que não faz sentido existir...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um degrau chamado queda

Na insanidade de tudo e na postura do nada desejo congelar momentos para sempre,

Dou tudo por quem não oferece nada...e fujo de mim, vou para onde não sei.

E na queda de um anjo, tentam inundar-se do que não são...

Olham mas não vêm.

Doem-lhe as asas...

Caí uma lágrima que me afoga, então dispo-me e vou sem rumo. Entrego-me ao mais profundo de mim.

Anceio o toque e o grito de um prazer inconsolável e uma dor penetrante...

Tenho a sensação que vo cair, mas agora?...agora já não tenho medo!


*O nosso carácter está na forma como nos erguemos após a queda...

Algo mais...

A porta no chão..
Futilidade que esconde o medo...
Aquilo que somos e aquilo que nos limita...
A realidade que supostamente existe...
Porque todos acreditamos, todos temos um sonho a meio.
Libertar a revolta do inconsciente perdido e gritar...
Porque odeias o que amo?
Talvez um dia entendas tudo o que sou.
A libertação do inconsciente...
Acabam-se as palavras...fica o vazio.
O desejo de algo que me transcenda...
Uma dança suja...
Um sorriso discreto...
Um olhar...
Um desafio intransponivel numa crença desmedida daquilo que me guia e me larga da mão...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

(...) Não quero ser nada...

Pudera eu pôr uns saltos e ser do teu tamanho...
Pudera eu ver desse alto que tu vês...
Paralizar e não ser nada, e não ser nada é ter a oportunidade de ser tudo...a cada instante...em cada pormenor do Mundo.
O que nos impede?...a única barreira que se nos impõe é aquela que nós próprios construimos e que aos poucos vamos aprendendo a derrubar...

domingo, 11 de outubro de 2009

São prespectivas

São dialectos de um mundo em movimento
São cores e luzes e sonhos
São musicas e são vidas...tantas vidas!
São pequenos detalhes que se tornam grandes pormenores
São pontos(pequenos pontos) numa linha horizontal.
Sou eu aqui...e pela primeira vez sinto que estou realmente onde quero estar-AQUI
Aqui neste ponto da minha linha
Neste detalhe de mim
Neste pormenor da minha prespectiva.
E de facto é estraordinário como tudo é apenas uma questão de prespectiva...
São danças tribais
São risos e lágrimas e devaneios
São crenças e são esperanças...demasiadas esperanças!
São caminhos do dia a dia feitos de escolhas
São momentos de um grito utopico.
Sou eu aqui nesta dança...e danço...danço...danço sem parar!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Perturbações

O que é que procuras?
Já não existem respostas...
Vai para o outro lado e espera que a luz brilhe.
Completa o espectro
Reflete o que não há
Foge para o fim do tempo
E entre as linhas da morte
Um tic tac melancólico
Roubado pelo homem verde.
O unicórnio que sangra e ao lado....(nada)
Quebrei a dor...
O silêncio.
E uma nostalgia secreta de uma paz deteorada,
Falhada...
Uma metamorfose inacabada depois de uma borboleta drogada
Perturbada...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Qual era a probabilidade?

Ás vezes uma velha casa desmorona.
Não há nada de notável nisso. Toda a gente sabe que quando as bases enfraquecem toda a estrutura abate, e que até as bases mais sólidas se desgastam com o tempo.
Mas uma casa velha é um lugar de exploração e as crianças refugiam-se nas suas histórias de fantasmas durante as férias.
Portanto, pode acontecer que hajam crianças dentro da casa quando ela desmorona, e elas se magoem. Mas porque estariam essas crianças em particular dentro da velha casa em particular, no exacto momento em que ela desabou?
É perfeitamente inteligivel que ela tenha desmoronado, mas porque tinha que desabar exactamente naquele momento, quando aquelas crianças em particular brincavam dentro dela? Já poderia ter caido há anos; por que, então, tinha que cair justamente quando certas crianças procuravam suas fantasias entre o pó de vidas passadas?
Diriamos que a velha casa desmoronou porque as suas paredes foram devoradas pelo tempo. Essa é a causa que explica o desabamento da casa.
Também diriamos que haviam crinças ali a brincar àquela hora porque era o periodo de férias, e elas acharam que ali seria um bom lugar para serem tudo o que quisessem. Essa é a causa de haver crianças sob a casa quando ela desabou.
Para o nosso modo de ver, a única relação entre esses dois factos independentemente causados é a sua coincidência espaço-temporal.
Porque razão duas cadeias causais se interceptaram em um determinado momento e em determinado ponto do espaço?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tédio consciênte

O meu corpo perdeu a expressão e todas as minhas acções parecem demasiado mecânicas, nenhum sentimento me transborda ao ponto de o poder expressar...
Sinto falta desse sentir ao extremo, agora tudo é uma consciência, um bloqueio.
A dor já nem me afecta, nem nenhum momento consegue ser transcendentemente bom.
Tudo é um tédio entre fumar um cigarro e dar-te um beijo, está tudo adormecido.
O que somos hoje amanhã esquecemos...
Fingimos acreditar que um dia alguém vira para nos salvar de nós mesmos...
Vagueamos, dispersos para onde nos levarem..
Aniquilados pelo medo sentimos cada cicatriz do que rebentou conosco, do que nos tornou isto...
Partilhamos mundos solitários onde construimos histórias que apenas nos distraem daquilo em que nos torná-mos.
E inacreditávelmente tudo isto é uma mentira, ninguém constrói para deitar a baixo a seguir...Mas o teu rosto já não é o que era e então desvaneço porque nunca somos suficientemente crescidos, nunca tamos suficientemente preparados nem nunca somos suficientemente nós...

Formas Abstractas

São 8h da manhã, o café ainda não me despertou para a realidade dos dias que se avisinham, fumo o meu primeiro cigarro do dia, estou ocupada em definir formas abstractas no fumo que paira no ar...
Tenho tentado encontrar uma imagem nitida mas tudo são segundos de respiração sustida que não trazem mais que ilusões...desilusões.
Ai...se as pessoas soubessem olhar nos olhos!

Farta...

Fumo cigarros de frustração...
Não sou nada do que queria ter sido e rodeada pelo fumo acabo por não ser nada do que sou.
Vivo de um bloqueio que me torna insignificante...
A rotina adormece-me e eu não faço sentido em contexto algum, eu não pertenço a lugar nenhum.
Tou farta...
Farta dos meus sonhos dobrados em aviões de papel...
Farta do meu ser inócuo...
Farta deste derrame inerte de palavras provocado por lágrimas secas que transbordam e estalam os meus olhos e cravam rugas de desespero em mim...
Fico farta...

Asas Quebradas

Dizes ter um filtro para os sentimentos, e eu sinto cada milimetro desses pedaços rasgados que tento reconstruir. Do que tens e depois não tens e não sentes que sentes nem sabes se sabes, mas eu não estou realmente aqui, ás vezes fujo e tu nem reparas.
Eu volto porque recolho cada sorriso e cada olhar e não sei como, ou se existe como, não errar.
Não quero fazer coisas mal e então?
Dei um tiro na borboleta que agora voa de asas quebradas na esperança de um desconhecido que não dá razões para a fazer voar.
Sinto me vazia quando pego nisso e sigo atras desse rasto triste que deixas te para eu pisar.
Tamos sempre a ouvir a mesma musica...
Choro sempre as mesmas lágrimas...
Fumas sempre o mesmo cigarro...
Mas não...
Não terei mais esperas cansadas de idealizações arruinadas...
E ainda preciso de ti...
Preciso de ti por causa da maneira perfeita que fazes a minha decadência Ser..
( )
Preciso de saber o que sou... e se eu for o que sou o que faço se puder ser assim?

Nas margens de mim sentei e escrevi...

Sento-me aqui neste quarto vazio e relembro.
São recortes da vida e do sonho que entram pela janela e se depositam no chão sem que eu consiga fazer distinção entre eles.
Vejo imagens quebradas que nenhuma reacção me provocam, pequenos nadas tão inúteis agora.
Nadas que "se subitamente encontra-se, hoje, nenhum gesto de pasmo me sairia da alma para o corpo", mas tu…
Esse rosto imprevisto que por mais que negue e embora não entenda a razão de tudo isto, molda em mim uma ausência aflita que sempre tento acreditar estar adormecida, ou mesmo morta, mas que sempre me desperta para uma colisão de perguntas para as quais talvez nunca encontre resposta, se calhar porque a resposta está em nos questionarmos. Não sei.
Até quando? Parece eterno…possivelmente porque só é eterno o que nunca é vivido…e agora?
Neste pavor do vazio são tudo escolhas, mas e a insegurança de optar? No livro do silêncio as palavras são apenas medos por revelar. E o que fazer com toda esta encruzilhada? Algum dia saberemos realmente quem somos? Ou seremos para sempre aquilo em que nos quisemos tornar ignorando o reflexo embaciado no espelho?
Todos os espelhos estão solenemente vazios agora.
Parecerei ridícula? Talvez…
Nunca tive jeito para me expressar…
"Se tu soubesses como tudo me fez perder o sentido da distância e a verdadeira medida das coisas!" Mas os meus sonhos são um refúgio estúpido.
Um dia disse-te que o nosso tamanho depende sempre dos olhos de quem nos vê…não ligas-te, mas hoje considero isso a maior de todas as verdades, porque tornei universais os teus pequenos grandes gestos…
Nunca entenderei porque razão incansável corro, de que medo fujo…
E hoje tenho pela frente uma luta inigualável como jamais tive ou imaginei ter, mas com a certeza de que um dia, algures no tempo, um momento…Fui insubstituível.
Escrevi por não acreditar que seremos os mesmos amanhã…
E é isto! Hoje esta é a minha realidade…

Paranóia

Arrasto o meu corpo triste
Caótico
Inocente de mim
Inconsciente da decadência
Derrubado por pernuncios de insanidade tentando alcançar metáforas bêbedas.
Os meus olhos vão projectando realismos virtuais e memórias dissecadas.
E eu sou um Savant paralizado recordando Deja vus que nunca vi...
Sou de todas as cores, de todas as formas e matérias.
Sou da textura dos olhos de cada Ser com que me cruzo no meu esforço de arrastamento, sendo quase autista.
Tudo se movimenta de uma forma estranha, doentia mesmo...têm medo de sentir.
Na minha cabeça ecoam sons de uma paranóia revivida, talvez.
Suspiro e rio por algo subconsciente.
Sofro de uma patologia delirante e apenas eu o sei, apenas eu a consigo diagnosticar.
E este som ecoa irreversivel num tic tac a que chamam tempo.
Arrasto o meu corpo(não sei se triste)
Caótico
Inocente da decadência
Inconsciente de mim...

sábado, 19 de setembro de 2009

Marioneta das tuas vontades

Sou uma marioneta das tuas vontades
Crias uma história, uma qualquer história dos teus sonhos.
E nesse minusculo cenário sou tudo o que quiseres fazer de mim .
Hoje fujo de algo que ainda não percebi o que é...
Não estou assustada mas posso sentir esse medo que me persegue, esse passado que me prende ao lado tenebroso desta floresta de cartão.
As minhas frágeis pernas de madeira falham-me e caio...
Sei o que tenho a fazer, onde tenho de ir mas não sei o que me espera, sei que falta algo para tornar isto real, só que os meus olhos não têm expressão...
O meu coração é apenas uma forma esculpida á tua maneira e os meus movimentos são controlados por fios que tu puxas.
Caida no chão, arrebatada pelo vazio...
Tu não me deixas-te num lugar seguro...e ainda assim eu ei-de esperar por ti...
Subitamente...
Sinto um vento no meu opaco rosto...
Sinto uma gota que me lava os olhos dessa tinta de mentira...
Sinto batimento no meu coração esculpido...
Sinto o enfraquecer dessa força que me comanda...
Sinto que rejo o mundo, então levanto-me e corro, mas não fujo de nada, já nada me persegue...
Corro para um lugar seguro.
Agora sou eu quem conta a história e o cenário não é minusculo nem feito de papel, é do tamanho da minha vontade e feito daquilo em que acredito.
Encontrei uma cabana, posso reconhece-la, é-me familiar. Vivo aqui quando fecho os olhos...vivia aqui quando a raposa conheceu o principezinho, quando Fernão Capelo Gaivota aprendeu a voar e vou estar sempre aqui para quando decidirem voltar...
Este é o único lugar nesta floresta em que tudo é verdade, onde ganho vida, onde consigo sentir, onde não tenho nada de que fugir, onde nada me manipula, onde desenho a minha história com cada traço do que eu quero...é o único sitio onde o meu rosto não é de madeira...onde os meus olhos não são pintados nem o meu coração uma forma esculpida.
Este é o lugar que sempre procuro mas quase sempre ando perdida e quando abro os olhos sou de novo uma marioneta das tuas vontades...um rosto de madeira que espera de novo sentir...