domingo, 31 de janeiro de 2010

O que farei com isto?!

As ruas estão vazias de tantas vidas que as preenchem…
E eu não vejo ninguém. Vejo-te a ti. Ultimamente vejo-te a ti. Só a ti, a vaguear no meu papel rasgado e sozinho, onde desenhei a cidade, em linhas esbatidas, de ruas vazias de tanta gente.
Tantas são as vidas que mesmo estando ao nosso lado nos passam ao lado!
Eu?! Eu sou um protótipo do meu sonho e tenho em mim a razão de uma conquista, ainda que hipotética. Porque “ o Mundo é para quem nasce para o conquistar e não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.”
Estou hoje retocando este meu desenho e nada se sobressai mais que tu, por mais cor que dê a cada recanto, por mais contorno que ofereça a cada rosto, por mais esmaecido ou riscado que te tente deixar…nada tem mais relevo que a tua pessoa de traços definidos á luz de uma multidão de ruas de nada, porque nada em ti vêem!
Eu?! Eu “ sou uma sensação sem pessoa correspondente.”
Estou hoje também desenhada nesse papel, mas tu decerto não me vês!
Observas um Mundo exterior a ti…
Ás vezes ris…
Como me preenches!...e me desassossegas!
Tantos são os olhares que mesmo se cruzando se desviam!
Eu?! Eu nada sei de ti! Sorte podermos imaginar tudo do que nada sabemos!
Estou hoje á parte de tudo, ainda assim talvez não tanto como já tivera, ou não da mesma forma…não faz mal! Amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser, ou não seja essa a esperança que o amanhã nos traz, ainda que tão mentirosa quanto essas ruas de gente…
Mas tu?! Tu desse ângulo não me vês bem!
A mim?! A mim este plano em que te observo chega para te amar ( um amar de detalhes ), ou á ideia que tenho de ti!
Mas afinal o que são as coisas senão o que pensamos delas?!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Tu ou TU?!

Foste sempre TU e tu sempre foste tu, pelo menos para mim...
Esperei e esperei, e quando pensava já não estar á espera, ainda esperava. Esperava que quisesses ser o meu TU. Mas hoje percebo que sempre fugiste a isso, e quando em intervalos ilusórios parecias não fugir...não...era o TU que eras pra mim que não me permitia ver que esse TU, agora meu, era apenas outra forma de fugires...
Sempre esperei, esperei que aquele abraço permanecesse genuíno, que fosse a realidade de todos os dias e de todas aquelas palavras que me pareciam tão perfeitas...mas, afinal, tão inatingíveis!
Sempre esperei, esperei e voltei a esperar...acreditei que esse TU que tens para mim quisesse de facto ser meu, mas ele sempre foi clandestino...sempre fugiu de si!Como poderia, então, ser meu?!
Nem pra sempre posso esperar, nem pra sempre quero esperar o TU que nunca quis ser meu...Então finjo, represento, desempenho o meu papel e vou construindo uma fachada em que não quero mais esse TU...e não...de facto já nem és tu, não o meu TU!
Quero ser mais, quero ser melhor...


“ Se nunca tentássemos parecer um pouco melhores do que somos, como seriamos capazes de nos tornar de facto melhores?” Cooley

domingo, 3 de janeiro de 2010

Impressão de Realidade

serão as pessoas com quem nos encontramos realmente quem afirmam ser? Seremos nós mesmos quem afirmamos ser? Seremos as pessoas que acreditamos ser?
Julgar o carácter de uma pessoa em determinada altura implica julgar como essa pessoa se comportaria em diferentes condições, pois muitas das formas sob as quais nos descrevemos têm, eticamente, implicações distintas sobre o que aconteceria, ou sobre o que faríamos, em condições diferentes.
Será possível para um indivíduo agir de acordo com o seu livre arbítrio sem depender da influência de factores externos e internos?
A que ponto temos a capacidade e a liberdade de nos reinventarmos?