sábado, 31 de outubro de 2009

Não quero mais, não assim...

Roo as unhas desenfreadamente...
Que ansiedade é esta que agarrei com umas mãos ainda feridas de tanto tentar tocar-te?
Ainda estou deitada a teu lado...
Mas que sentido faz isto desta forma?
Quero deixar esse teu corpo despido do que éramos, agora.
Quero deixar esse teu sorriso, esse teu olhar que já não se encontra com o meu naquela expressão que eu podia ver, agora não vejo nada.
Não quero mais, não assim.
Não quero de novo ver essa tua cara que não me pertence.Isso não faz de ti nada, nada do que já vi, nada do que quero ver, nada do que podes ser.
É essa conjugação de nadas que encontro agora nestes lençois. Instantes que foram teus e meus, e de facto reais, mas que não foram nossos. Estamos tão longe de sermos nós...
Podemos até ser eu e tu de olhos sem visão, mas o que há nisso para além de um arrastamento de nadas e conveniências? de apetites momentâneos?
Não quero mais, não assim...

domingo, 25 de outubro de 2009

Reflexão consciente

Tento olhar-me nos olhos,
Reflito o meu rosto na noite.
Olhar perdido...
Idealizo tantos momentos.
Centro-me no infinito, mas é tão inatingivel, tão perturbador...
Detesto sentir-me tão consciente!
Uma vontade demasiado ponderada que acaba por não acontecer.
Quero tanto dedicar-me ao momento mas esse momento prende-me e arrasta-me para o passado como algo que ficou por viver.
Uma falta de coragem impotente que não me caracteriza e me adormece.
Um desejo profundamente quebrado por aquilo que não sou mas apendi a ser...
Resultado da escolha que não fiz, da loucura que deixei pra tras.
Produto de um medo que não faz sentido existir...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um degrau chamado queda

Na insanidade de tudo e na postura do nada desejo congelar momentos para sempre,

Dou tudo por quem não oferece nada...e fujo de mim, vou para onde não sei.

E na queda de um anjo, tentam inundar-se do que não são...

Olham mas não vêm.

Doem-lhe as asas...

Caí uma lágrima que me afoga, então dispo-me e vou sem rumo. Entrego-me ao mais profundo de mim.

Anceio o toque e o grito de um prazer inconsolável e uma dor penetrante...

Tenho a sensação que vo cair, mas agora?...agora já não tenho medo!


*O nosso carácter está na forma como nos erguemos após a queda...

Algo mais...

A porta no chão..
Futilidade que esconde o medo...
Aquilo que somos e aquilo que nos limita...
A realidade que supostamente existe...
Porque todos acreditamos, todos temos um sonho a meio.
Libertar a revolta do inconsciente perdido e gritar...
Porque odeias o que amo?
Talvez um dia entendas tudo o que sou.
A libertação do inconsciente...
Acabam-se as palavras...fica o vazio.
O desejo de algo que me transcenda...
Uma dança suja...
Um sorriso discreto...
Um olhar...
Um desafio intransponivel numa crença desmedida daquilo que me guia e me larga da mão...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

(...) Não quero ser nada...

Pudera eu pôr uns saltos e ser do teu tamanho...
Pudera eu ver desse alto que tu vês...
Paralizar e não ser nada, e não ser nada é ter a oportunidade de ser tudo...a cada instante...em cada pormenor do Mundo.
O que nos impede?...a única barreira que se nos impõe é aquela que nós próprios construimos e que aos poucos vamos aprendendo a derrubar...

domingo, 11 de outubro de 2009

São prespectivas

São dialectos de um mundo em movimento
São cores e luzes e sonhos
São musicas e são vidas...tantas vidas!
São pequenos detalhes que se tornam grandes pormenores
São pontos(pequenos pontos) numa linha horizontal.
Sou eu aqui...e pela primeira vez sinto que estou realmente onde quero estar-AQUI
Aqui neste ponto da minha linha
Neste detalhe de mim
Neste pormenor da minha prespectiva.
E de facto é estraordinário como tudo é apenas uma questão de prespectiva...
São danças tribais
São risos e lágrimas e devaneios
São crenças e são esperanças...demasiadas esperanças!
São caminhos do dia a dia feitos de escolhas
São momentos de um grito utopico.
Sou eu aqui nesta dança...e danço...danço...danço sem parar!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Perturbações

O que é que procuras?
Já não existem respostas...
Vai para o outro lado e espera que a luz brilhe.
Completa o espectro
Reflete o que não há
Foge para o fim do tempo
E entre as linhas da morte
Um tic tac melancólico
Roubado pelo homem verde.
O unicórnio que sangra e ao lado....(nada)
Quebrei a dor...
O silêncio.
E uma nostalgia secreta de uma paz deteorada,
Falhada...
Uma metamorfose inacabada depois de uma borboleta drogada
Perturbada...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Qual era a probabilidade?

Ás vezes uma velha casa desmorona.
Não há nada de notável nisso. Toda a gente sabe que quando as bases enfraquecem toda a estrutura abate, e que até as bases mais sólidas se desgastam com o tempo.
Mas uma casa velha é um lugar de exploração e as crianças refugiam-se nas suas histórias de fantasmas durante as férias.
Portanto, pode acontecer que hajam crianças dentro da casa quando ela desmorona, e elas se magoem. Mas porque estariam essas crianças em particular dentro da velha casa em particular, no exacto momento em que ela desabou?
É perfeitamente inteligivel que ela tenha desmoronado, mas porque tinha que desabar exactamente naquele momento, quando aquelas crianças em particular brincavam dentro dela? Já poderia ter caido há anos; por que, então, tinha que cair justamente quando certas crianças procuravam suas fantasias entre o pó de vidas passadas?
Diriamos que a velha casa desmoronou porque as suas paredes foram devoradas pelo tempo. Essa é a causa que explica o desabamento da casa.
Também diriamos que haviam crinças ali a brincar àquela hora porque era o periodo de férias, e elas acharam que ali seria um bom lugar para serem tudo o que quisessem. Essa é a causa de haver crianças sob a casa quando ela desabou.
Para o nosso modo de ver, a única relação entre esses dois factos independentemente causados é a sua coincidência espaço-temporal.
Porque razão duas cadeias causais se interceptaram em um determinado momento e em determinado ponto do espaço?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tédio consciênte

O meu corpo perdeu a expressão e todas as minhas acções parecem demasiado mecânicas, nenhum sentimento me transborda ao ponto de o poder expressar...
Sinto falta desse sentir ao extremo, agora tudo é uma consciência, um bloqueio.
A dor já nem me afecta, nem nenhum momento consegue ser transcendentemente bom.
Tudo é um tédio entre fumar um cigarro e dar-te um beijo, está tudo adormecido.
O que somos hoje amanhã esquecemos...
Fingimos acreditar que um dia alguém vira para nos salvar de nós mesmos...
Vagueamos, dispersos para onde nos levarem..
Aniquilados pelo medo sentimos cada cicatriz do que rebentou conosco, do que nos tornou isto...
Partilhamos mundos solitários onde construimos histórias que apenas nos distraem daquilo em que nos torná-mos.
E inacreditávelmente tudo isto é uma mentira, ninguém constrói para deitar a baixo a seguir...Mas o teu rosto já não é o que era e então desvaneço porque nunca somos suficientemente crescidos, nunca tamos suficientemente preparados nem nunca somos suficientemente nós...

Formas Abstractas

São 8h da manhã, o café ainda não me despertou para a realidade dos dias que se avisinham, fumo o meu primeiro cigarro do dia, estou ocupada em definir formas abstractas no fumo que paira no ar...
Tenho tentado encontrar uma imagem nitida mas tudo são segundos de respiração sustida que não trazem mais que ilusões...desilusões.
Ai...se as pessoas soubessem olhar nos olhos!

Farta...

Fumo cigarros de frustração...
Não sou nada do que queria ter sido e rodeada pelo fumo acabo por não ser nada do que sou.
Vivo de um bloqueio que me torna insignificante...
A rotina adormece-me e eu não faço sentido em contexto algum, eu não pertenço a lugar nenhum.
Tou farta...
Farta dos meus sonhos dobrados em aviões de papel...
Farta do meu ser inócuo...
Farta deste derrame inerte de palavras provocado por lágrimas secas que transbordam e estalam os meus olhos e cravam rugas de desespero em mim...
Fico farta...

Asas Quebradas

Dizes ter um filtro para os sentimentos, e eu sinto cada milimetro desses pedaços rasgados que tento reconstruir. Do que tens e depois não tens e não sentes que sentes nem sabes se sabes, mas eu não estou realmente aqui, ás vezes fujo e tu nem reparas.
Eu volto porque recolho cada sorriso e cada olhar e não sei como, ou se existe como, não errar.
Não quero fazer coisas mal e então?
Dei um tiro na borboleta que agora voa de asas quebradas na esperança de um desconhecido que não dá razões para a fazer voar.
Sinto me vazia quando pego nisso e sigo atras desse rasto triste que deixas te para eu pisar.
Tamos sempre a ouvir a mesma musica...
Choro sempre as mesmas lágrimas...
Fumas sempre o mesmo cigarro...
Mas não...
Não terei mais esperas cansadas de idealizações arruinadas...
E ainda preciso de ti...
Preciso de ti por causa da maneira perfeita que fazes a minha decadência Ser..
( )
Preciso de saber o que sou... e se eu for o que sou o que faço se puder ser assim?

Nas margens de mim sentei e escrevi...

Sento-me aqui neste quarto vazio e relembro.
São recortes da vida e do sonho que entram pela janela e se depositam no chão sem que eu consiga fazer distinção entre eles.
Vejo imagens quebradas que nenhuma reacção me provocam, pequenos nadas tão inúteis agora.
Nadas que "se subitamente encontra-se, hoje, nenhum gesto de pasmo me sairia da alma para o corpo", mas tu…
Esse rosto imprevisto que por mais que negue e embora não entenda a razão de tudo isto, molda em mim uma ausência aflita que sempre tento acreditar estar adormecida, ou mesmo morta, mas que sempre me desperta para uma colisão de perguntas para as quais talvez nunca encontre resposta, se calhar porque a resposta está em nos questionarmos. Não sei.
Até quando? Parece eterno…possivelmente porque só é eterno o que nunca é vivido…e agora?
Neste pavor do vazio são tudo escolhas, mas e a insegurança de optar? No livro do silêncio as palavras são apenas medos por revelar. E o que fazer com toda esta encruzilhada? Algum dia saberemos realmente quem somos? Ou seremos para sempre aquilo em que nos quisemos tornar ignorando o reflexo embaciado no espelho?
Todos os espelhos estão solenemente vazios agora.
Parecerei ridícula? Talvez…
Nunca tive jeito para me expressar…
"Se tu soubesses como tudo me fez perder o sentido da distância e a verdadeira medida das coisas!" Mas os meus sonhos são um refúgio estúpido.
Um dia disse-te que o nosso tamanho depende sempre dos olhos de quem nos vê…não ligas-te, mas hoje considero isso a maior de todas as verdades, porque tornei universais os teus pequenos grandes gestos…
Nunca entenderei porque razão incansável corro, de que medo fujo…
E hoje tenho pela frente uma luta inigualável como jamais tive ou imaginei ter, mas com a certeza de que um dia, algures no tempo, um momento…Fui insubstituível.
Escrevi por não acreditar que seremos os mesmos amanhã…
E é isto! Hoje esta é a minha realidade…

Paranóia

Arrasto o meu corpo triste
Caótico
Inocente de mim
Inconsciente da decadência
Derrubado por pernuncios de insanidade tentando alcançar metáforas bêbedas.
Os meus olhos vão projectando realismos virtuais e memórias dissecadas.
E eu sou um Savant paralizado recordando Deja vus que nunca vi...
Sou de todas as cores, de todas as formas e matérias.
Sou da textura dos olhos de cada Ser com que me cruzo no meu esforço de arrastamento, sendo quase autista.
Tudo se movimenta de uma forma estranha, doentia mesmo...têm medo de sentir.
Na minha cabeça ecoam sons de uma paranóia revivida, talvez.
Suspiro e rio por algo subconsciente.
Sofro de uma patologia delirante e apenas eu o sei, apenas eu a consigo diagnosticar.
E este som ecoa irreversivel num tic tac a que chamam tempo.
Arrasto o meu corpo(não sei se triste)
Caótico
Inocente da decadência
Inconsciente de mim...