sábado, 19 de setembro de 2009

Marioneta das tuas vontades

Sou uma marioneta das tuas vontades
Crias uma história, uma qualquer história dos teus sonhos.
E nesse minusculo cenário sou tudo o que quiseres fazer de mim .
Hoje fujo de algo que ainda não percebi o que é...
Não estou assustada mas posso sentir esse medo que me persegue, esse passado que me prende ao lado tenebroso desta floresta de cartão.
As minhas frágeis pernas de madeira falham-me e caio...
Sei o que tenho a fazer, onde tenho de ir mas não sei o que me espera, sei que falta algo para tornar isto real, só que os meus olhos não têm expressão...
O meu coração é apenas uma forma esculpida á tua maneira e os meus movimentos são controlados por fios que tu puxas.
Caida no chão, arrebatada pelo vazio...
Tu não me deixas-te num lugar seguro...e ainda assim eu ei-de esperar por ti...
Subitamente...
Sinto um vento no meu opaco rosto...
Sinto uma gota que me lava os olhos dessa tinta de mentira...
Sinto batimento no meu coração esculpido...
Sinto o enfraquecer dessa força que me comanda...
Sinto que rejo o mundo, então levanto-me e corro, mas não fujo de nada, já nada me persegue...
Corro para um lugar seguro.
Agora sou eu quem conta a história e o cenário não é minusculo nem feito de papel, é do tamanho da minha vontade e feito daquilo em que acredito.
Encontrei uma cabana, posso reconhece-la, é-me familiar. Vivo aqui quando fecho os olhos...vivia aqui quando a raposa conheceu o principezinho, quando Fernão Capelo Gaivota aprendeu a voar e vou estar sempre aqui para quando decidirem voltar...
Este é o único lugar nesta floresta em que tudo é verdade, onde ganho vida, onde consigo sentir, onde não tenho nada de que fugir, onde nada me manipula, onde desenho a minha história com cada traço do que eu quero...é o único sitio onde o meu rosto não é de madeira...onde os meus olhos não são pintados nem o meu coração uma forma esculpida.
Este é o lugar que sempre procuro mas quase sempre ando perdida e quando abro os olhos sou de novo uma marioneta das tuas vontades...um rosto de madeira que espera de novo sentir...