terça-feira, 29 de maio de 2012

Começou com o sentir o chão frio sob os meus pés. Na verdade estava calor e o vento era uma mentira que a lua sussurrava ao longe e que eu não ouvia. Era um trampolim que me lançava na palpitação de um contacto cruel, era a pedra fria do chão que eu amassava numa luta contra a gravidade.
 Faltam-me palavras.
 Faltam-me silêncios.
 -Já chegaste?
 -Estou a caminho, estou agora mais perto de quem sou...ou talvez não, talvez me vá distanciar primeiro. Talvez precise primeiro de me construir na mentira que os teus olhos querem ver, ou na que eu preciso de oferecer aos meus.
 -Não sei se entendo, mas faz-me sentido...
 -E é ai, é ai que eu estou! É ai que eu sou, algures nesse meio de imagens confusas, algumas opacas, outras nem tanto. É nesse meio caminho que me entendo.
 Porque o entendimento é uma janela aberta para o momento, é um dizer sim sem saber bem porquê e sem ter necessidade de o fazer. É um pensamento quase fora do pensamento, despropositado da consciência.
 A brisa levava consigo as palavras mudas que delicadamente havia pendurado no estendal inexistente da minha abstracção.
A brutalidade de uma sensação.
-Aceitação, posso entender agora.
 Começou com o não ter a noção de sentir o chão frio sob os meus pés. Na verdade a lua estava logo ali , ao passo de um abrir de mão...

 *Para ti que sei que vais passar por aqui! ;)

1 comentário:

  1. O meio caminho do entendimento.
    Esse projecto de início meio e fim. Normalmente sempre com um fim mesmo que nem chegue a comecar. É nesse meio ponto que acontece tudo. Uns chamam-lhe Mundo, outros Ser e outro ainda Verdade. Verdade de quem for, aquela na qual cada um é livre de fazer o meio caminho para trás se quiser.
    Oh partilha de singularidades.. dualidade do indivisivel.. projecto da conclusão já terminada. Levante-se o caos para que uma (des)ordem se vá assentando.

    ResponderEliminar