quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Errante

São sombras, sombras deste e do outro tempo, aquele que já nem me lembro ou por segurança apaguei de mim. São sombras lá bem ao fundo de raios que me trespassam bem aqui onde estás e não estás. Onde este tempo, doente de viver, me abraça e me confunde com a sua tonalidade cinzenta e amarga de quem se confundiu consigo próprio, de quem se esqueceu do que era para se tornar o que já nem sabe se é. Em queda livre, mergulhado nestas amarras que me acorrentam a mim, que me transformam e me fazem sentir coisas que não quero carregar dentro de quem sou e já não sou. Não sei se sou. Haverá quem nos faça lembrar de nós quando nos esquecemos de quem somos? O meu corpo treme, mas não sei porque teme. No entanto teima em não parar.Já não treme como antes, já nada se encontra no que foi porque já tudo se perdeu. O meu coração contrai-se até a exaustão. Dor. Aperta-se de coisas que lutam para não me largar, talvez porque as palavras não são mais surpresas iguais às que eu tinha sonhado. Apaga-me. Apaga-me que eu não quero ter esta cor. Quero ser errada, quero ser minha e de mim só. Não quero a escravidão do que não quero sentir. Sou errada, quero estar errada. Para quê tentar fazer as coisas bem? Respirar torna-se difícil.Está frio demais para sentir quem sou e eu quero ser errante como o mundo que corre sobre nós.A vida confunde-me e apodera-se de mim mas se de nada valeu até agora então o que mais posso ser? Já nem escrever sei. Apaga-me, quero ser um erro...

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